sexta-feira, 13 de junho de 2008


DESTA VEZ, A CULPA NÃO FOI DO MARILYN MANSON

No começo deste mês, 4 jovens da Igreja Evangélica Geração Jesus Cristo depredaram o Centro Espírita Cruz de Oxalá, localizado no Catete-RJ. Afirmaram as testemunhas que os jovens quebraram todas as imagens e utensílios que estavam no local e insultaram os fiéis, gritando para que estes “abandonassem o demônio”.

Encaminhados à delegacia, os 4 foram liberados após o depoimento, mas serão chamados para audiência em Juizado Especial Criminal. O pastor da Igreja limitou-se a dizer que ficou surpreso com a atitude dos jovens, afirmando que sua igreja não incentiva qualquer tipo de agressão a outras religiões.

Ainda bem que, desta vez, nenhum especilista pôde correlacionar tal inconseqüência juvenil com jogos de videogame, internet, rock pesado e filmes como “Matrix”.

Sendo assim, por que não investigar outras correlações?

Embora seja até irresponsável acusar qualquer Igreja de incentivar diretamente uma violência como esta, nunca é demais refletir sobre o discurso cheio de dogmas e de senso de superioridade religiosa que Igrejas como esta propagam.

Se como disse aquele “Profeta”, gentileza gera gentileza, então intolerância deve gerar...

PS: Segue um pequeno texto que vem bem a calhar para pensar sobre o assunto:

O ETNOCENTRISMO


A cultura interfere de forma significativa no modo como as pessoas vêem o mundo, já que os conceitos acerca do que é certo ou errado, verdadeiro ou falso, regra ou aberração, dependem dos sistemas de valores e de normas próprios de cada cultura. A ocorrência da grande diversidade de culturas vem testemunhar que há modos de vida bons para um grupo e que jamais serviriam para outro. Entretanto, não temos muita consciência deste fato e adotamos a postura do etnocentrismo, que nos faz supervalorizar nossa própria cultura, rejeitando as demais.

Todos nós somos portadores, em alguma medida, desse sentimento, porque sempre julgamos outras culturas a partir dos moldes de nossa própria. Quando julgamos outras culturas como “aberrantes”, “atrasadas” ou “inferiores”, estamos julgando-as segundo os padrões que a nossa cultura considera corretos, recusando o que representa, aos nossos olhos, um desvio destes padrões.

A postura do etnocentrismo pode ser positiva no que diz respeito à valorização do próprio grupo, mas também pode resultar em comportamentos agressivos, em atitudes de superioridade ou até mesmo de hostilidade contra diferenças. A discriminação e a agressão verbal são outras formas de expressar o etnocentrismo, que tornam muito difícil a convivência de pessoas de sociedades ou de grupos diferentes.

FONTE: MARCONI, Marina de Andrade. Antropologia: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1998.


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