segunda-feira, 28 de julho de 2008


STRAWBERRY PANIC!, A ESCOLA DE LESBOS

A história de Strawberry Panic! se passa no monte Astrea, onde existem três escolas exclusiva para meninas (Miator, Sppica e Lili) e vários espaços comuns de interação, como os “dormitórios morango”.

Entre as atividades escolares e o aprendizado de rituais sociais, as meninas experimentam o despertar afetivo e sexual. Além das paixonites agudas, canalizam as atenções as disputas políticas pelas posições mais prestigiadas das escolas. No cerne da trama está a estrutura das eleições para representante das três escolas, cargo mais cobiçado e que é desempenhado sempre por um casal. Na formação dos pares candidatos, os critérios políticos se chocam com os afetivos, deixando muita gente de coração partido...

A tônica da relações é bem mais romântica do que sexual, embora todos os casais tenham seus momentos mais ou menos explícitos. Afinal, são muitos quartos partilhados a duas e campos isolados ao redor das escolas para as meninas aproveitarem a vida. Os adultos quase não entram em cena e personagens masculinos, nem sombra deles...

As coisas, entretanto, se desenrolam em um tempo oriental, bem devagar, quase parando. Nos primeiros episódios predominam os subtextos, as personagens ficam se perguntando o que estão sentindo e só lá pelo episódio 12 (são 26 ao todo) é que as relações vão se caracterizar mais claramente, ficando mais explicitados os interesses amorosos e políticos das personagens.

Há casais de todas as praias na série, uns fazendo o estilo “príncipe encantado e princesa gentil”, como Amane e Hikaro, outros compostos por garotas glamourosas (Shizuma e Nagisa), além do casal pérfido formado por Kenjou e Momoni. Correndo por fora, há o drama das garotas que sofrem com amores não correspondidos.

No começo, achei curiosíssimo aquele ambiente onde todas são socializadas na aceitação (e na prática) da homossexualidade. O amor por outra mulher é o caminho “natural” ali, invertendo totalmente a lógica que obriga à heterossexualidade. A personagem central, Nagisa, testou minha paciência com seus fricotes, mas depois acabei me envolvendo nos dramas pessoais e nos segredos tristes, de partir os corações sensíveis, que vão se revelando nos episódios. Bem, se eu assisti a todos os 26 e ainda achei o final KAWAI, nem posso disfarçar dizendo que foi “a trabalho”...

Bem levinho, para se distrair à tarde, cheio de cenas fofas à luz do luar. Trama como nas novelas, mas sem censura a beijos lésbicos.

"Strawberry Panic!" (Sakura no oka, 2006)

DIREÇÃO: Masayuki Sakoi
Sakurako Kimino (novel)
Tatsuhiko Urahata (script)
26 episódios


Vale dar uma olhadinha em:

http://www.animescenter.com/

http://ahyuri.org/

quarta-feira, 23 de julho de 2008

MANGÁS E ANIMES LÉSBICOS


Por conta das pesquisas para escrever sobre o filme LOVE MY LIFE no site, acabei descobrindo um bando de coisas YURI por aí. O termo é utilizado para descrever desenhos japoneses com temas lésbicos, podendo incluir tanto os mangás (histórias em quadrinhos) quanto os animes (filmes e séries de animação).


O termo YURI às vezes aparece como sinônimo de SHOUJO-AI, mas os especialistas no assunto preferem reservar o termo Yuri para os desenhos cujas histórias abordam as relações lésbicas de modo mais explícito, enquanto o termo Shoujo-ai fica aplicado àquelas histórias de cunho mais romântico e idealizado entre meninas que, boa parte das vezes, nunca chegam a se definir como um relação de fato.


Desenhos japoneses têm uma incrível legião de admiradores e uma extensa produção que se subdivide em várias categorias, que contemplam os mais variados gostos. Sobre o filão YURI / SHOUJO-AI, alguns dos mangás e/ou animes mais comentados por aí são:


- STRAWBERRY PANIC! (2006), de Sakurako Kimino

- SIMOUN (2006), de Junji Nishimura

- REVOLUTIONARY GIRL UTENA (1996), de Chiho Saito

- MARIA-SAMA GA MITERU (2004), de Oyuki Konno

- FREE SOUL (2004), de Ebine Yamaji (de LOVE MY LIFE)

- SAILOR MOON (1992), de Naoko Takeuchi

- RICA 'TTE KANJI!? (2004), de Rica Takashima

- RAGNAROK CITY (2001), de Satoshi Urushihara

- ROSE DE VERSAILLES (1972), de Ryoko Ikeda

- SHIROI HEYA (1971), de Ryoko Yamagishi


O mais próximo que tinha chegado até então desta produção tinha sido por meio de um anime que passava por aqui nos anos 70, chamado A princesa e o cavaleiro. A história atraiu minha atenção, contando a saga da princesa Safiri que, por conta da trapalhada de um anjo, nasceu com dois corações, um de menino e outro de menina.


Nos tempos em que eu via o desenho, não sabia bem como organizar minha percepção, mas me fascinava bastante aquele negócio de menina que fazia papel de menino e que ainda atraía a atenção de outra garota. Realmente, eu acompanhei a série com um interesse pra lá de especial e nunca, mas nunca mesmo, fixei o detalhe de que, no final da história, Safiri acabava ficando com um príncipe caretão (porém com os dois corações). Hoje reconhecido como um clássico, este desenho era originalmente um mangá criado por Osamu Tezuka em 1954, tendo sido transformado em anime em 1967. Foi um marco na criação de desenhos voltados para o público feminino, chamados shoujo. O shoujo-ai é uma espécie de variante desta produção.


Li alguns textos que afirmaram que a história de Safiri nada tinha a ver com metáforas de bissexualidade, estando mais no contexto de personagens que assumem identidades masculinas para ganhar espaço em uma sociedade machista. Personagens femininas que subvertem gêneros também aparecem nas histórias de Rose de Versailles e Revolutionary Girl Utena.


Lendo críticas e fóruns mundo virtual afora, vi que o público é bastante grande para este tipo de produção, mas há quem ache que boa parte dela é exploração de conteúdo lésbico (às vezes limitando-se a meras insinuações) para leitores que nada têm a ver com o lance, principalmente pela sucessão de personagens jovens e bonitinhas que ainda estão na escola. Para tirar minha prova dos nove, assisti à saga completa de STRAWBERRY PANIC!, um anime yuri que comentarei no próximo post.



PARA SABER MAIS:


http://www.animescenter.com/

http://www.afterellen.com/archive/ellen/Print/2005/8/yuri.html

http://www.shoujohouse.clubedohost.com/Shoujo/ribon.html

http://www.shoujo-cafe.blogspot.com/

http://ahyuri.org/

www.yuricon.org/




terça-feira, 22 de julho de 2008

CINECLUBE LGBT

A segunda edição do evento acontece dia 25/07/08, às 21:00 hs, com sessão especial em homenagem ao escritor CAIO FERNANDO DE ABREU. Filmes:

- Dama da noite (1998), de Mario Diamante
- Sargento Garcia (2000), de Tutty Gregianin
- Aqueles dois (1985), de Sérgio Amon

Cine Odeon, Praça Floriano, 7, Cinelândia, RJ
R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia)
Após as sessões, festa com o DJ Great Guy
www.cineclubelgbt.com.br

domingo, 13 de julho de 2008

MÍDIA E HOMOSSEXUALIDADE

Começou dia 8 e vai até 20 de Julho, na Caixa Cultural RJ, o evento A HOMOSSEXUALIDADE NA MÍDIA: O QUE MUDOU?, que discute as transformações no modo como a homossexualidade vem sendo representada na mídia. O evento conta com uma mostra de cinema e de seriados de TV, em conjunto com um ciclo de debates.

O filme Aimée e Jaguar será exibido nos dias 16 (19:30hs), 19 (15hs) e 20 (19hs) de Julho na etapa carioca do evento. É uma boa oportunidade de ver um filme bacana e bem difícil de achar por aí.


CAIXA CULTURAL RJ
Av. Almirante Barroso, 25, Centro, Rio de Janeiro
Tel: (21) 2544-4080

Em São Paulo,o evento começa dia 15 e vai até 20 de julho
CAIXA CULTURAL SP
Praça da Sé 111, São Paulo
Tel: (11) 3321-4400

Entrada Franca
Programação completa disponível em: www.caixacultural.com.br

sexta-feira, 11 de julho de 2008

SEMANA DA DIVERSIDADE SEXUAL

A semana da diversidade sexual exibida pelo canal a cabo GNT em Junho teve como ponto alto a entrevista da Desembargadora MARIA BERENICE DIAS no programa Marilia Gabriela Entrevista. Maria Berenice criou o termo homoafetividade, para ressaltar os vínculos de afeto contidos nas relações homossexuais e que permanecem invisíveis aos olhos da sociedade. As leis existentes no Brasil, segundo a Desembargadora, estão bem longe de proteger tudo aquilo que estas relações afetivas são capazes de construir. Sua luta é para que os pares homossexuais, ao desenvolverem vínculos afetivos, alcancem o abrigo do direito de família. Por isso sua máxima: “o afeto é uma realidade digna de tutela”.

No SAIA JUSTA, as meninas mostraram uma interessante matéria com depoimentos de habitantes de uma ilha na Nicarágua, um verdadeiro rincão de preconceitos contra homossexuais. Após a matéria, fizeram a crítica correta ao senso comum atrasadinho nicaragüense, mas deixaram passar no restante do programa idéias pra lá de questionáveis, como “andar de mãozinha dada é coisa de mulher”, “mulher gosta de receber flores”, além de endossarem, sem a menor cerimônia, a velha idéia de que mulheres são seres histéricos. Sei que o programa é muito querido pela galera, mas há tempos que venho percebendo que nem a Márcia Tiburi, com toda sua razão crítica, consegue fazer frente ao festival de senso comum das outras apresentadoras, sempre reafirmando as tais “coisas de mulheres”.

Rolou também a edição especial do programa SUPERBONITA, falando de padrões de beleza GLS. Aliás, padrões não, o que se viu foi uma defesa da “feminilidade” da mulher lésbica. “Mulher tem que ser mulher sempre”, afirmou categoricamente uma moça no programa. É bem bacana que as pessoas tenham vários modelos nos quais se espelhar e sejam livres para escolher aquele que mais lhe agrada. Conforme a homossexualidade vai saindo dos guetos, a tendência é que os modelos se diversifiquem mesmo. E que viva a diferença, pois desde que nenhum destes modelos venha para se tornar regra, todas as alternativas serão muito bem-vindas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Mais uma contribuição de nossa querida autora irresponsável, Safo:

Eu sinto

Sinto a sua mão
Tocar minha alma
Sinto a palma de seu sorriso
Fazer cócegas em meu coração de vidro

Sinto os seus cabelos
Seus fios são como ondas revoltas
Sinto sua discreta figura em meio à turba
Convidar-me a bailar no centro do furacão

Sinto a sua dor
Suas lagrimas de pessoa humana cansada e bondosa
Sinto sua insistência:
Um Viva para a Vida, apesar da vida.

Sinto, oh Amor
Sua esperança e os mais lindos sonhos

Autoria Irresponsável de Safo, A Poeta