domingo, 30 de setembro de 2007

SER OU NÃO SER... MAMÃE (TICK TOCK LULLABY)

Filme bacana, cheio de clima e bem gostoso de assistir, nem se nota o tempo passar. Diferentes casais (um casal de lésbicas e dois casais heterossexuais) na casa dos 30, refletem sobre a possibilidade de ter filhos. A história central, entretanto, é claramente a do casal Sasha e Maya, em dúvida sobre como e quem deverá ter a criança. A história das duas é um pouco difícil, pois parece que querem um filho sem recorrer aos "avanços tecnológicos", mas, ao mesmo tempo, sem ceder a parceira para que o bebê venha do modo tradicional. A questão acaba se resolvendo bem fora dos planos, provocando certo sofrimento para o casal e forçando as duas a repensar a relação.

A história é filmada com muito jeitinho, mas a proposta de diversidade de personagens acaba se perdendo um pouco. Lá pelo final da fita, os casais hetero são ligeiramente esquecidos e mostram-se dispensáveis à trama. Sasha e Maya são personagens interessantes, sua relação e seus questionamentos já dariam um filme bem legal. Sasha é cartunista e suas ilustrações são uma atração à parte no filme. Além disso, questões relativas à maternidade são ainda pouco exploradas nos filmes lésbicos. Em Tick Tock Lullaby, quando a situação das meninas vai ficando ainda mais instigante, lá vêm os créditos rolando na tela... A diretora Lisa Gornick já havia feito outro filme lés, Do I love you, de 2002.


TICK TOCK LULLABY
Inglaterra (2006) - 73 min.
DIREÇÃO E ROTEIRO: Lisa Gornick
Elenco: Raquel Cassidy (Maya), Lisa Gornick (Sasha), Joanna Bending (Fiona), Sarah Peterson (Gillian), Sam Spruel (ssteve), William Bowry (Todd)





quarta-feira, 26 de setembro de 2007

DEIXA DE DRAMA (As mulheres de Finn)

Este filme canadense trata de forma muito curiosa a vida de Finn, uma médica que assume a direção de uma clínica de aborto em Toronto, após a morte de sua mulher. Muitos são os dramas que despontam nesta história, mas nenhum deles é vivido com aquela intensidade mexicana. Finn perdeu a namorada, morta por câncer, há pouco tempo, está sendo ameaçada de morte por agressivos ativistas anti-aborto e ainda tem que se virar com as carências de Zelly, a filha de 11 anos que anda aprontando várias pelas redondezas.

Finn passa o filme todo com aquela carinha de "crise? Que crise". As ameaças que sofre nunca são mostradas com aquela tensão típica dos filmes de psicopatas americanos. Embora a médica e o suposto pai biológico de Zelly ensaiem uma disputa pela guarda da menina, não batem boca uma só vez no filme. O uso de "substâncias ilegais" também é tratado sem nenhum alarde.

A vida homossexual vai seguindo naturalmente no filme, como algo já bem digerido socialmente. Resistências e preconceitos são mostrados como votos vencidos. Finn mantém seus relacionamentos abertamente diante de Zelly, que não manifesta problema algum com isso. Sua rebeldia é doce e não destrutiva, parecendo ter relação com os descuidos de atenção por parte de Finn. Como se revela no final do filme, a condição de Zelly é bem mais avançada do que a de ter uma mãe lésbica (Finn é médica especialista em reprodução...) mas, naquela altura do campeonato, nada afeta mais pessoas tão zen como elas. Ah, se o mundo fosse assim...

De legal, o filme tem a médica quarentona muito bonita (parecendo uma irmã mais velha da Teena Brandon de Meninos não choram) e a policial (que protege Finn dos ativistas) que você pediu a Deus que tomasse conta de você. Casal nota 10. A menina que faz a Zelly é ótima e garante as melhores cenas do filme. Apesar dos temas difíceis, o filme é leve e pode ser assitido com um pote de jujubas do lado.


FINN'S GIRL
Canadá (2007) - Drama - 88 min.
DIREÇÃO E PRODUÇÃO: Dominique Cardona e Laurie Colbert
ROTEIRO: Laurie Colbert
ELENCO: Brooke Johnson (Finn), Maya Ritter (Zelly),
Yanna McIntosh (Diana)


sábado, 22 de setembro de 2007

SENTIDOS EM CURTO (SHORTBUS)


SHORTBUS, de John Cameron Mitchell
21/09/07, Cinema PALÁCIO 2, Rio de Janeiro

Filme difícil de classificar, esse. Pode parecer uma merda, pode parecer um belo insight sobre o "aqui e o agora".
A história acompanha, com muito sexo, os dilemas amorosos de 7 personagens: Sofia, uma terapeuta sexual em crise com o marido, dois de seus pacientes (o casal gay James e Jamie), um voyer, uma dominatrix que tenta ajudar a terapeuta a resolver seu problema com orgasmos e Ceth, um jovem que vai compor um triângulo com James e Jamie.

O filme parece falar sobre um curto-circuito de sentidos, agora que vivemos em uma época em que as mais diversas experiências sexuais estão todas a nosso alcance, atiradas mesmo na nossa cara. Há um momento do filme em que os personagens, que experimentam pra valer seu erotismo, têm um apagão, não sabem mais o que sentem, não conseguem mais se situar uns em relação aos outros. E a cidade de N.Y., onde vivem, literalmente escurece.


Daí para o momento em tudo se acende novamente, não há razão. Nenhuma. Simplesmente, os personagens vão tateando até encontrar o interruptor e, então... click. Não sei se o diretor teve alguma intenção de dizer isso, mas ficou a sugestão de que perambulamos feito vaga-lumes, que nunca se iluminam ou se apagam por muito tempo.

A sessão foi cheia de vibração (no bom sentido...), lotada, com gente sentada pelas escadas da sala de cinema (inclusive eu!) e interagindo com o filme o tempo todo. No fim da exibição, aplausos para o filme de Mitchell. Apesar de falar da condição humana como algo tão sofrível (embora cheia de prazeres), o tom foi de ironia e o público entendeu, compartilhando suas risadas.

Confesso que fiquei como expectadora, não só do filme, como da sessão, observando as reações da galera e tentando entender onde Mitchell queria chegar com seus personagens sem rumo, cujo único elo pareceia ser o sexo. Não foi um daqueles filmes em que rola uma captura, uma espécie de rápida paixão por aqueles seres imaginários, que se tornam tão reais mesmo por tão pouco tempo. Acho que vou esquecer desse filme bem rápido...

SHORTBUS (EUA, 2006) - 101 MIN.
Direção e roteiro de Jon Cameron Mitchell
Com Sook-Yin, Peter Stickles, Paul Dawson, Lindsay Beamish, PJ Deboy e Raphael Barker. Música original de Yo La Tengo e Michael Hill. John Cameron Mitchell dirigiu também HEDWIG AND THE ANGRY INCH (2001)






segunda-feira, 17 de setembro de 2007

LISTA OFICIAL

A lista oficial de filmes do FESTIVAL DO RIO 2007 já está disponível no site. A mostra gay fica devendo este ano, por deixar de fora dois importantes filmes les da safra recente: o vencedor do Teddy Bear do Festival de Berlim, C-QING, e o filme de Jamie Babbit, ITTY BITTY TITTY COMITEE.

Pra compensar, tem 7 filmes que interessam diretamente à galera les, mais do que nas duas últimas edições do Festival. A seguir a agenda dos filmes:

- ABRIGO (Riparo):
SÁB 29/09 - Est Botafogo (24:00 hs)
DOM 30/09 - Est Barra Point (21:15 hs)
SEG 01/10 - Palácio 2 (14:oo hs)

- JIHAD DO AMOR (A jihad for love)
DOM 23/09 - C.C. Justiça Federal (18:30 hs)
SEG 24/09 - Palácio 2 (16:30 hs)
QUA 26/09 - Est Botafogo (24:00 hs)

- AS MULHERES DE FINN (Finn's girl)
TER 25/09 - Palácio 2 (19:00 hs)
QUA 26/09 - Est Barra Point 2 (21:15 hs)
QUI 27/09 - Esp Cinema 2 (23:45 hs)

- NINFÉIAS (Naissance des pieuvres)
SEG 01/10 - Est Barra Point 2 (14:30 hs)
TER 02/10 - Palácio 2 (16:30 hs e 21:30 hs)
QUA 03/10 - Esp cinema 1 (24:00 hs)

- OLHE PARA MIM, QUERIDO (Schau mir in die Augen, Kleiner)
SEG 01/10 - Est Botafogo 1 (24:00 hs)
QUA 03/10 - Cine Glória (memorial GV) (13:15 hs)
QUI 04/10 - Palácio 2 (16:30 hs e 21:30 hs)

- TICK TOCK LULLABY
QUI 27/09 - Est Botafogo (24:00 hs)
SEX 28/09 - Palácio 2 (16:30 hs e 21:30 hs)
SAB 29/09 -
Cine Glória (memorial GV) (14:00 hs)

- XXY
ter 25/09 - Est Barra Point (21:00 hs)
qua 26/09 - Palácio 2 (14:00 hs e 19:00 hs)
sex 28/09 - Est Botafogo 1 (24:00 hs)

As fichas completas dos filmes estão no post MOSTRA GAY DO FESTIVAL. Minha principal aposta vai para AS MULHERES DE FINN, pelo que andei lendo sobre o filme por aí...

Até breve, com os comentários das sessões.

Rolando na caixa: Neil Young, "Like a hurricane"
I´m just a dreamer, but you are just a dream...


MOSTRA GAY DO FESTIVAL

Este ano, o Festival do Rio 2007 traz uma boa leva de filmes com temática homossexual. Até agora foram listados os seguintes filmes (no site oficial do Festival):

- La Leon, de Santiago Otheguy (argentina)
- Férfiakt, de Károly Esztergályos (Hungria)
- Riparo, de Marco Simon Puccioni (Itália
- Schau Mir in die Augen, de André Schaefer (alemanha)
- XXY, de Lucía Puenzo (Argentina)
- Naissance des pieuvres, de Celine Sciamma (França)
- Dos patrias, Cuba Y la noche, de Christian Liffers (Alemanha)
- Avant que j'oublie, de Jacques Nolot (França)
- A jihad for love, de Parvez Shama (EUA)
- Love and other disasters, de Alek Keshishian (França)
- Tick Tock Lullaby, de Lisa Gornick (Reino Unido)
- White & Grey, a portrait of Sam Wagstaff and Robert Mapplethorpe, de James Crump (EUA)
- Finn's girl, de Dominique Cardona (Canadá)

O que eu fiquei sabendo sobre os filmes da galera les:

RIPARO
França/ Itália (2007) - Drama - 98 min.
DIREÇÃO: Marco S. Puccioni
ROTEIRO:
Marco S. Puccioni, Monica Rametta, Schdrun Schleef
ELENCO: Maria de Medeiros (Anna)
, Antonia Liskova (Mara), Mounir Ouadi (Anis)

SINOPSE: Quando Anna e Mara voltam de uma viagem de férias, descobrem que Anis, um jovem marroquino, está escondido em seu carro. O menino, tirando proveito do desejo de Anna de se tornar mãe, vai gradualmente se enroscando na vida das duas. Ana é uma trintona de classe alta, enquanto Mara trabalha em uma fábrica. Anis vive uma situação difícil, fugindo do departamento de imigração. As diferenças étnicas e sociais vão complicar as interações entre os três personagens.

SCHAU MIR IN DIE AUGEN, KLEINER
Alemanha (2007) - Documentário - 90 min.
DIREÇÃO: André Schäfer
ROTEIRO:André Schäfer, Marianne Schäfer, Ingmar Trost e Sebastian Lemke
SINOPSE: Documentário sobre a história do cinema gay e lésbico. Traz depoimentos de Gus Van Sant (garotos de programa), Guinevere Turner (O par perfeito), Stephen Frears (Minha adorável lavanderia), Derek Jarman (Eduardo II), John Waters, entre outros. O filme aborda somente a década de 70 em diante, com a premissa de que foi a partir daí que os gays passaram a ser representados de modo mais positivo nos filmes. Concentra-se basicamente na produção européia e americana, deixando de fora o cinema latino e asiático.

XXY
Argentina / França / Espanha (2007) - Drama - 86 minutos
DIREÇÃO: Lucía Puenzo
ROTEIRO: Sergio Bizzio e Lucia Puenzo (baseado no conto "Cinismo" de Sergio Bizzio)
ELENCO: Inés Efron (Alex), Martín Piroyannsky (Alvaro), Ricardo Darín (Kraken)
SINOPSE:
Alex (Ines Efron) é uma jovem hermafrodita de 15 anos, que é criada como uma menina pela família no distante vilarejo de Piriápolis (Argentina). Quando um médico vai visitá-los com o filho Álvaro, surge uma atração entre os jovens que lança Alex em um processo de descoberta de sua própria identidade. XXY ganhou o prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Bagkok, de melhor direção no Festival Internacional de Edinburgh, além do Grande Prêmio da Semana da Crítica do Festival de Cannes. Lucía Puenzo, filha de um diretor de cinema argentino (Luis Puenzo), está preparando um novo filme, chamado “O menino Pez”, sobre uma jovem de família rica que se apaixona pela empregada.

NAISSANCE DES PIEUVRES
França (2007) - Drama - 87 min.
DIREÇÃO E ROTEIRO: Céline Sciamma
ELENCO: Pauline Acquart (Marie), Louise Blachère (Anne), Adele Haenel (Floriane), Warren Jacquin (François)
SINOPSE: No subúrbio parisiense de Cergy, nos anos 60, Marie, Anne e Floriane têm 15 anos, nada para fazer e passam o tempo frequëntando a piscina municipal. Na piscina rolam umas apresentações de nado sincronizado, alguma competição entre as personagens e, no meio da história, é claro, desabrocha a sexualidade das meninas. A diretora Céline Sciamma disse ter como suas principais influências Gus Van Santa (Elefante) e Larry Clark (Kids) e que escolheu fazer um filme sobre adolescência porque sempre sentiu falta da representação do ponto de vista homossexual nas telas de cinema, especialmente no que diz respeito a este período tão iportante para a formação da identidade de uma pessoa.

A JIHAD FOR LOVE
EUA / UK / França / Austrália (2007) - Documentário - 81 min.
DIREÇÃO: Parvez Sharma
SINOPSE: Este é o primeiro documentário a abordar a vida de gays, lésbicas e transgêneros em culturas mulçumanas, como as existentes no Irã, Egito e Turquia. Filmado em 12 países, mostra a barra-pesada de ser homossexual quando a prisão, a tortura e até a execução são oficialmente praticadas como forma de repressão a esta condição. Para as pessoas que vivem nestas regiões, as opções de fuga vêm se tornando bastante limitadas, especialmente após os atentados de 11 de setembro, como mostra a difícil condição de vida de refugiados que vivem em países ocidentais, constantemente vigiados e tratados como suspeitos.

TICK TOCK LULLABY
Inglaterra (2006) - Drama - 76 min.
DIREÇÃO E ROTEIRO: Lisa Gornick
ELENCO: Raquel Cassidy (Maya), Lisa Gornick (Sasha), Joanna Bending (Fiona), William Bowry (Todd), Jake Caruso (Lawrence)
SINOPSE: Duas lésicas, uma mulher solteira e um casal homossexual enfrentam o tic-tac do relógio biológico.
Sasha (Lisa Gornick) é uma cartunista que vive com sua namorada, Maya (Raquel Cassidy), a ansiedade da decisão de ter ou não um bebê. Para lidar com as dificuldades, Sasha cria duas personagens que investigam e refletem sobre os modos possíveis de realizar o intento. A ficção, entretanto, começa a interferir na vida real do casal. A diretora havia feito outro filme com temática les, Do I love you?, de 2002.

FINN'S GIRL
Canadá (2007) - Drama - 88 min.
DIREÇÃO E PRODUÇÃO: Dominique Cardona e Laurie Colbert
ROTEIRO: Laurie Colbert
ELENCO: Brooke Johnson (Finn), Maya Ritter (Zelly), Andrew Chalmers (Max), Gail Maurice
(Nancy), Yanna McIntosh (Diana), Chantel Cole (Eve), Gilles Lemaire (Xavier)
SINOPSE: Finn é uma médica que tem uma clínica de aborto em Toronto. Após a morte de sua parceira Nancy, ela tem de criar sozinha a rebelde Zelly, uma guria de 11 anos apreciadora de ervas, e que apronta muitas junto aos amigos Eve e Max. Finn têm de lidar ainda com os protestos agressivos de ativistas anti-aborto. Quando ela começa a sofrer ameaças de morte, os policiais Xavier e Diana são destacados para o caso e passam a vigiar a rotina de Finn - e, de quebra, de Zelly também.

Quando a organização do Festival apresentar a agenda completa de exibições, volto ao blog. E, claro, conto tudo que assistir nestas duas semanas. Até breve.