segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PATTI SMITH: DREAM OF LIFE
Festival de Cinema do Rio

Documentário de Steven Sebring, exibido no Festival do Rio, acerta em cheio ao deixar de lado o estilo tradicional que marca boa parte dos documentários musicais, que se limitam a mostrar a progressão de fatos marcantes da carreira dos artistas. Aqui vemos Patti Smith listando, logo nos primeiros minutos do filme, os episódios mais importantes de sua vida, enquanto desfilam na tela paisagens bonitas em P&B.

Foi uma boa tirada, que deixou o filme livre para retratar a força artística da poetisa do punk, sem se amarrar a seqüências históricas e, principalmente, sem os chatíssimos depoimentos de figuras importantes lambendo a estrela. O filme foi também bastante honesto em não abusar da adoração dos fãs e, por conta disso, nada de cenas de shows arrebatadores, com o público entrando em catarse...

Acompanhamos Patti Smith, ao longo dos 10 anos consumidos nas filmagens do documentário, visitando o túmulo dos poetas que tanto influenciaram sua música e recitando incansavelmente Rimbaud, Burroughs e Ginsberg nos palcos, ou em seu quarto, pequeno e sempre desarrumado pelos livros, fotografias e instrumentos espalhados. Podemos vê-la visitando os pais ou inflamando seus discursos contra Bush, ou, ainda, revelando que deseja tocar as telas quando visista museus (e que foi pega de primeira, tentando tocar em um Modigliani).

Melhor do que ser assombrada pela grandiosidade histórica de alguém que fez tanto pelo rock, é saber que esta adorável poetisa começou a escrever por uma necessidade "física" de ver as palavras escritas. Filmaço, lírico, espiritual e generoso o bastante para não fechar definições. Bem à altura de quem retrata.



sábado, 4 de outubro de 2008

BI THE WAY
Festival de Cinema do Rio

Documentário de Brittany Blockman e Josephine Decker, com música e edição espertas, traça um painel interessante da fluidez das experiências sexuais na atualidade. As diretoras partiram de uma questão que não tem resposta em nossa época: bissexualidade é moda passageira ou uma nova revolução sexual? Os comentários dos entrevistados, é claro, foram diversos e, pra variar, ninguém quis saber de ser rotulado como bi, hetero ou gay. As identidades sexuais, nos tempos modernos, parecem trazer um tremendo desconforto para as pessoas, que disso vivem fugindo como o diabo da cruz.

Reunindo depoimentos interessantes dos quatro cantos dos EUA, e vendo pessoas das mais diferentes classes, credos e faixas etárias tão à vontade (e até orgulhosas) em não se identificar c
om qualquer categoria, as diretoras concluíram que uma grande transformação está em curso, alterando de modo definitivo o modo como as pessoas se expressam sexualmente.

Well, tenho cá minhas dúvidas se tanta fluidez é atributo de alguma revolução sexual. Acho que alguém acertou em cheio quando comentou no documentário que o beijo de Britney e Madonna não começou, nem inventou nenhuma moda, apenas colocou um espelho diante da sociedade, refletindo o que já estava acontecendo entre as pessoas. São tempos líquidos (como dizem os pensadores) e o sexo é reflexo disto.