segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DIAS DE FESTIVAL
Uma vida nova em folha, de Ounie Lecomte
No Espaço de Cinema lotadinho
Bonito filme. Não saberia explicar o modo de filmar da diretora, só sei que me deixou cercada junto à Jin-Hee, abandonada pelo pai aos 9 anos em um orfanato. O filme acontece todo dentro das emoções da personagem, perfeitamente transmitidas em uma atmosfera tão verossímil, que faz parecer que a diretora filmou escondida em um orfanato existente.

O interessante é que a história não apela para certas situações tradicionalmente exploradas em filmes do tipo. A menina não apanha, não passa fome, nem é atazanada pelas outras internas. O sofrimento intenso da personagem, que chega a enterrar a si própria em uma cena, é construído em torno dos efeitos do abandono, nos deixando a pensar se sua situação de fato mudaria com uma adoção. E assim sendo, há vários modos de se estar bem perto do que sente Jin-Hee, tornando este um daqueles filmes que, embora autobiográficos, são cheios de um irresistível universalismo.
Fantasma, de Monika Treut
No Estação Barra Point praticamente vazio
Único filme lés da mostra Mundo Gay do Festival deste ano, quase me levou a abandonar a sala de cinema lá pelo meio da projeção. Realmente, não deu pra entender o que a diretora quis dizer com aquela encheção de lingüiça insuportável. História que não desenrola, personagens sem carne nem osso e casal zerado em química me fizeram abrir meu jornalzinho pra ver quanto tempo ainda duraria a peleja.
Pelo que entendi, uma artista alemã perde a namorada coreana e é perturbada por seu espírito, até lançar mão de um ritual oriental para fazer a morta finalmente descansar em paz. Mas não tem nada de terror, nem de suspense, nem de filme de amor! Eis um filme que, ao invés de transcender gêneros, não encontra nenhum para desenvolver uma história razoável. A acrescentar, só mais uma personagem lés a virar presunto, desta vez atropelada. Ruim de doer.

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