quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


POR SUA RELEVÂNCIA, O MELHOR DO ANO

Neste filme de Gus Van Sant, Alex é um menino completamente perdido sobre o que acontece ao seu redor e, principalmente, dentro de si mesmo. Ele se envolve em uma situação que culmina na morte de uma pessoa, mas é tão carente de referências e de valores, que não consegue julgar os próprios atos. Não chega a uma conclusão sobre se estava certo ou errado no lance e nem mesmo consegue reagir ao cerco que a polícia monta ao redor da "comunidade de skatistas" na qual ocorreu o crime. Aliás, "comunidade" não, porque as pessoas que se reúnem no parque Paranoid para andar de skate mal se conhecem, como bem lembrou um dos garotos investigados. Não há família que ampare, escola que desperte, política ou causas capazes de atrair aqueles garotos sem rumo. Eles estão mergulhados em si mesmo e dão de cara com um tremendo vazio.

O filme dividiu opiniões. Muitos disseram que o diretor filmou com distanciamento e frieza irritantes. Outros simplesmente sacramentaram a crítica: "muito chato". O fato é que Van Sant não dá moleza aos espectadores e prefere usar o próprio jeito de filmas para reforçar uma história que já vem contando em filmes como O Elefante e Last Days. No primeiro, investiga um massacre ocorrido em uma escola americana e, no segundo, os últimos dias de vida de um astro de rock. Em ambos, a lentidão e a aparente falta de propósito marcam as cenas, lembrando a sensação que inspirou Kurt Cobain (não por acaso, Last Days é sobre ele) a compor Smells Like Teen Spirit: "é sobre a apatia da minha geração".

Bem longe da isenção, o cineasta filma com uma visão de mundo, oferecendo seu ponto de vista sobre uma juventude que bóia na marola da apatia, radicalmente desvinculada de qualquer coletividade.

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