França (20070 - 85 minutos
Direção e roteiro: Céline Sciamma
Música original: Para One
Elenco: Pauline Acquart (Marie), Louise Blachère (Anne) Adele Haenel (Florianne)
Este filme francês narra as torturas do primeiro amor na adolescência, cheio de densidade e introspecção. Nos primeiros 20 minutos batalhei um pouquinho com minhas pestanas, mas a história engrena e você acaba capturado pela sofrida jornada de Marie, caída de encantos por Florianne, musa da equipe de nado sicronizado do clube. O filme se passa quase todo neste ambiente, tomadas na piscina, tomadas no vestiário, corpos constantemente à mostra, desejos em ebulição e quase nenhum adulto por perto.
A turma do nado sincronizado tem um simbolismo interessante no filme, já que a necessidade de se manter nos padrões parece bem forte para Floriane. Este filme tem um certo paralelo com Nunca fui santa, aquele em que a líder de torcida descobre que é lésbica. Porém em Ninféias a personagem não confronta as barreiras sociais e queima suas fichas tentando se manter sincronizada com as musas hetero do clube.
A atitude de Florianne ao longo de todo o filme é a da clássica ambigüidade sexual. Fica com o bonitão do clube, mas cultiva o quanto pode o amor de Marie, e a seduz sem nenhum pudor, oferecendo-lhe a primeira vez. Marie fica doidinha, totalmente in love e sofrendo até o fim com as oscilações da outra. Seu contraponto no filme é a amiga Anne, que dá certa graça à narrativa com seu desengonço e infantilidade, aliviando a tensão que o relacionamento de Marie e Floriane provoca. Além disso, Anne é heterossexual e, para ela, as coisas também não são muito fáceis, pois está apaixonada pelo menino que anda atrás de Florianne, mas que também corresponde um pouquinho a este interesse.
Floriane também lembra um pouco a Tamsin de Meu amor de verão, que usa a sensualidade para fazer um joguinho meio cruel com Mona. Em ambos os casos, acho que os filmes acabam mostrando que os relacionamentos homossexuais não estão livres deste tipo de relação de poder em que um dos pares domina completamente a cena, fazendo o outro de gato e sapato. De quebra confrontam o mito de que “só uma mulher pode entender a outra”. Ao vermos Mona e Marie mais perdidas do que cego em tiroteio com seus objetos de amor, nos deparamos com um “bem-vinda à raça humana”, a seus prazeres e mesquinharias.
Sweet dreams are made of this, who am I to disagree?
PS: A sessão do Festival, no Estação Barra Point, foi floridíssima...
Um comentário:
Gostei do filme.
Gostei muito da cena final
O final do filme foi ótimo.
Já acabou? como assim? terá a parte II?
Uma das tomadas de finais mais legais que eu já vi no cinema.
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