domingo, 17 de agosto de 2008

AS ÚLTIMAS DO CIRCUITO NACIONAL – PARTE I

ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA?
Brasil (2007)· 135 min.
DIREÇÃO: Guilherme de Almeida Prado
ROTEIRO: Guilherme de Almeida Prado (baseado no livro de Caio Fernando Abreu, “Onde Andará Dulce Veiga?”)
ELENCO: Maitê Proença (Dulce Veiga), Carolina Dieckmann (Márcia), Eriberto Leão (Caio), Nuno Leal Maia (Rafic), Carmo Della Vechia (Raudério), Cacá Rosset (Castilhos)
SINOPSE: A história acompanha o jornalista Caio (Eriberto Leão) que, nos anos 80, tenta descobrir o paradeiro de Dulce Veiga (Maitê Proença), atriz e cantora de sucesso desaparecida desde os anos 60. Ao longo de sua jornada, conhece Márcia (Carolina Dieckmann), a filha de Dulce, e se apaixona por ela.

Não sei não, mas este filme parece um pouco cheio de planos para transgredir, mostrando a Carolina Dieckemann seminua, na pele de uma rrriot girrrrl, revoltadona, lésbica, atirando pedras em quem passa pelo seu caminho. Tem também um beijo gay entre atores gatos. Alguma ousadia no visual, narrativa pouco linear e história baseada na obra do cultuado Caio Fernando de Abreu.

A ficha para mim, entretanto, não caiu. O filme não me provocou nem um pouco, nenhum personagem me comoveu, nenhuma saga me fez remexer na cadeira. Não senti nada e acabei achando tudo muito chato. A Márcia de Carolina não disse a que veio. Pelo menos do modo como foi mostrada no filme, pareceu mais uma gatinha assustada fingindo ser casca-grossa. Caio, embora tenha se lançado em uma jornada em princípio tão interessante, atrás da misteriosa Dulce Veiga, foi muito pouco convincente. Ele não parece estar pessoalmente envolvido naquela busca. Sua expressão facial, a mesma durante todo o filme, nos faz crer que está executando uma de suas tarefas rotineiras.

Bem, dizem por aí que o filme é ousado demais, destinado ao culto de poucos. E como é cheio de mergulhos na imaginação do jornalista, se presta àqueles comentários igualmente herméticos (“uma ode à transposição entre o real e o imaginário...”). Outros o acusam de pôr tudo a perder com um final novelão, com Dulce Veiga discursando um textinho de auto-ajuda e beijinho de encerramento. Carolina Dieckman dando um passa-fora na namorada para entrar na linha ao lado de Caio pode ferir sensibilidades. Ah, sim, pode ser que o encontro dos dois no final seja mais um mergulho na imaginação do jornalista. Ai, ai, essas transposições entre o real e o imaginário...

Mas filmes que dividem platéias são assim mesmo, deixam uma única alternativa: só vendo para escolher o seu lado.




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